sexta-feira, 27 de julho de 2012

Medo de palhaço

Eu lembro quando criança, de ter medo de palhaço, papai noel e tudo quanto era personagem que se fantasiava e pintava a cara.
Por mais que soubesse que era uma pessoa em baixo daquelas roupas coloridas, o medo falava mais alto que a razão.
Era mais forte, dava medo e ponto final. E se alguém desse uma insistida para ir perto, o pânico tomava conta (ainda bem que meus pais e outras pessoas nunca insistiram até chegar esse ponto).

A primeira vez que percebi o medo do Davi, foi na festinha de formatura do primo.
O tema era circo, e havia muitas crianças vestidas de palhaço correndo pelo corredor, e por um instante percebo o pânico do meu pequeno.
Seu corpo tremia e vejo que era por causa de um palhacinho lindo que estava por perto. Mal conseguimos ver as apresentações, ficamos a maior parte do tempo do lado de fora, e logo que terminou, fomos embora.
Até com a prima que usava umas orelhinhas de cachorrinho, Davi ficou desconfiado e nem queria pegar na sua mão.

Dia desses, fomos no aniversário da filha de uma amiga. Já tinha sido avisada que haveria um palhaço por lá, então já fui atenta.
Como era de se esperar, Davi não quis sair de perto de nós, nem ir nos brinquedos (o palhaço estava lá perto), ficou impressionado com as crianças que estavam com os rostos pintados de borboleta, gatinhos, leões...
Expliquei que o palhaço era um moço que estava usando uma peruca e tinha passado tinta no rosto pra ficar bem colorido e que estava fazendo o mesmo com as crianças. Até quis fazer um desenho no meu rosto para mostrar á ele o que era, mais Davi disse choramingando que mamãe não podia, então não quis insistir.

Quando começaram as brincadeiras e Davi escutava a voz do "moço vestido de palhaço", ficou no colo do pai todo encolhido e dizendo -"Medo, tatá" (porque todo palhaço pra ele é o Patati e Patatá)
Então resolvemos ir embora, não era legal ver seu filho sem poder brincar e se divertir por conta do medo, era tortura demais. 

Tínhamos que passar perto do palhaço para ir embora, então ficou combinado que ele fecharia os olhos e sairíamos dali rápido. Momento de transmitir ao Pitico que poderia confiar em nós e que entendíamos o seu medo.

No outro dia Davi acorda e a primeira coisa que fala é "Medo, tatá", o medo ficou ali, gravado na cabecinha dele.
Passei horas explicando tudo novamente, e então tive a idéia de mostrar para ele como tudo isso acontecia, disse que no dia seguinte compraria uma peruca de palhaço e as tintas para pintar o rosto.
Davi ficou empolgado e achou graça quando disse que iria pintar o nosso rosto igual ao do "Tatá".

Dia seguinte estou lá na loja comprando uma peruca parecida com a que o palhaço da festa usava e as tintas.

E então nossa tentativa de explicar a teoria na prática começou.

Aproveitei o momento para também ensinar as cores, estimular a coordenação, á pintura, estimular o tato, mostrar como é gostoso compartilhar (ele usava uma cor e depois de usar me emprestava para também usar) aproximação, diversão, transformação de como ia ficando nosso rosto ...

Olha quanta coisa legal e importante pudemos fazer num único momento!

Procurava á todo instante dizer que a mesma coisa que estávamos fazendo, era o que o "Tatá" também tinha feito. 

- Olha filho, vamos passar a tinta vermelha no nariz, igual o Tatá?
- Agora é a vez da tinta branca no rosto, igual o moço fez também!
- Vamos colocar a peruca igual o palhaço colocou na cabeça?



Pitico de divertiu, adorou as tintas, e quando eu dizia que a mamãe estava igual o palhaço da festa, ele respondia:
- "E Didi, também"!

Acredito que temos medo do desconhecido, medo daquilo que não entendemos, não sabemos, não dominamos.
E baseada nisso, quis proporcionar ao filhote a oportunidade dele mesmo descobrir, ter contato, conhecer, pegar, olhar, usar, participar e ver como tudo aquilo era feito.
Tudo de uma forma natural, mostrando de uma maneira que ele pudesse entender.

Acho que o medo não vai passar assim de uma hora pra outra, mais agora ele vai lembrar que ele também já pintou o rosto o já colocou uma peruca igual o palhaço.

E que a mamãe também, rs!


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Doces lembranças

Me lembro em detalhes de uma sandália que meu pai usava naquelas manhãs de domingo com sol, quando me levava á um parquinho perto de casa para brincar enquanto minha mãe preparava o almoço com minha avó. Lembro da sandália de couro marrom escuro e de um detalhe cortado em ondinhas no meio de uma costura na parte de cima, lembro por ir caminhando em direção ao parque de mãos dadas com ele, e ir observando as marcas que aqueles pés faziam na areia do parque, comparando as minhas pegadas logo ao lado tão pequenas.
Essa lembrança se tornou doce por guardar na memória um momento de cumplicidade entre meu pai e eu.

Lembro de muitos outros momentos simples na minha infância que tem o poder de me trazer cheiros, gostos, sensações daquela época, e que me fazem por um momento lembrar de como eu via e sentia a vida enquanto criança.

Assim como marido, que também percebeu dias atrás ter guardado uma doce lembrança.
Fazendo chapéu de papel com o Davi,  se viu repetindo a mesma cena de quando ele aprendia o mesmo feito com seu pai. Provavelmente sentiu a mesma sensação que sentira naquele tempo e era visível a alegria dessa lembrança.



Daí percebo que são momentos rotineiros e corriqueiros que fazem nascer a felicidade, é a simplicidade dos acontecimentos que fortalecem laços e aumentam o amor.

São os momentos de amor simples que ficam guardados dentro de nós por tanto tempo, e que nos fazem reviver sensações de pequenas felicidades quando lembrados.

Que ainda tenhamos muitos momentos felizes para se tornarem doces lembranças.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sorte


Sabe quando acontece algo na sua vida que faz todas as outras coisas por que passou, fazerem sentido só agora?
É mais ou menos quando a vida te olha e diz - "Ok, você passou pelos obstáculos que lhe coloquei no caminho sem trapacear, seguiu as regras, e confiou, portanto você é merecedora! Aproveita o que lhe reservei de bom, vai fundo garota!
Daí você olha e vê que só conseguiu passar pelos obstáculos, porque tinha um amuleto mágico da sorte, aquele que te deixa mais forte, mais corajoso, com super poderes.
Esse amuleto tá lá em casa essa hora, no meio dos seus brinquedos e dando um trabalhão pra avó com suas peraltices de moleque.
Tenho muita sorte mesmo!


Sorte - Caetano Veloso
Tudo de bom que você me fizer
Faz minha rima ficar mais rara
O que você faz me ajuda a cantar
Põe um sorriso na minha cara...

Meu amor, você me dá sorte
Meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte
Na vida!...

Quando te vejo não saio do tom
Mas meu desejo já se repara
Me dá um beijo com tudo de bom
E acende a noite na Guanabara...

Meu amor, você me dá sorte
Meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte
De cara!...

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